segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Lembra-te de mim - Capitulo 14.




Lembra-te de mim - Capitulo 14.
Acabei por acordar, só no dia seguinte, pela manhã.
Não tinha bem a noção do que aconteceu, e quando me confrontei com os factos, doeu , doeu muito.
Tentei fechar o olhos com força, para que as lágrimas não escorressem pelo meu rosto, revoltado com tudo o que vivi naquela noite .
Não, não era justo tudo cair-me nos braços . Vivi os piores momentos da minha vida, e eu não merecia . Tudo a minha volta tinha ficado negro, como se não consegui-se imaginar alguma coisa positiva, tudo se tinha virado contra mim, e as tentativas falhadas de morrer com dignidade tinham sido destornadas.
Na quimera de pensamentos e fragilidades que se reuniram a minha volta, não tinha sequer reparado no Gonçalo, a chorar.
Abri os olhos rapidamente e vi-o , ainda preso , coberto de sangue a lamentar :
- Desculpa , por favor desculpa-me Margarida , por favor desculpa , sou um falhado.
Quase como por instinto ,beijei-o .
Ele queria mesmo proteger-me, e sei que sofreu bastante por não conseguir . Aquele beijo foi extremamente gratificante e eu não sei se noutra altura voltarei a sentir alguma sensação tão intensa como a daquele momento .
Depois do beijo, olhei-o com carinho e simplesmente me resignei a omitir as seguintes palavras, que sei que ele jamais esquecerá :
- Não tives-te culpa de nada, admiro-te muito e não quero imaginar se não estivesses aqui comigo Gonçalo .
O olhar dele respondeu tudo o que eu queria ouvir, e aquele silêncio foi a melhor conversa que alguma vez tive com alguém .
Soltei-o das cordas, e quando o fazia perguntei-lhe pelos assaltantes .
- Eu não sei , só os ouvi dizer que era melhor ir embora , pois em breve iriam nos procurar . Mas que voltavam aqui as 3 para ..
Assustei-me com aquela interrupção de palavras que Gonçalo Fez..
- Para o quê Gonçalo ?
- Não importa, não vai voltar a acontecer. Vamos fugir , prometo nunca mais deixar que ninguém te magoe .
Mal o soltei por completo , fomos a porta do barracão. Era óbvio que estava trancada mas Gonçalo , com a ajuda de um machado arrombou-a e fugimos .
Como na primeira vez, na noite passada , entra-mos apressados não nos demos conta do quão perdidos estávamos . Era um bosque, e a única coisa que existia lá , fora toda a vegetação, flora e biodiversidade , era o barracão onde tudo aconteceu..
- Não faço a mínima ideia onde estamos , mas devem ser 10/11 h da manhã, temos de nos apressar.
Voltei atrás e peguei em cobertores, umas águas e enlatados que tinham no interior do barracão achei que não iria ser fácil encontrar saída naquele bosque , e poderia-mos ter de passar a noite ao relento.
Cheguei novamente perto dele, e demos as mãos.
- Nunca mais te vou deixar Margarida , nunca mais .
- Não suportaria tudo isto sem ti Gonçalo , não sei como um dia poderei retribuir-te.
- Fica comigo, é a melhor retribuição que alguma vez me poderás dar.
- Ficarei, prometo ..

Não , eu não sabia onde estava , nem o que fazer , mas Gonçalo estava comigo, e desta vez, eu não sentia medo de nada..


- Continua ..






Sem comentários:

Enviar um comentário

- Espero que tenhas gostado do meu texto, ao comentar gostaria que mostrasses a tua opinião. Obrigada beijinho :)